Vem aí a Páscoa: e agora?

As épocas festivas costumam fazer-se acompanhar de alguma tensão a nível da alimentação. Começamos a ver estratégias para fugir de todos os "venenos", com soluções para continuar a fazer uma alimentação "limpa". 

Quem acompanha o meu trabalho sabe que não costumo fazer este tipo de publicações - "posts de opinião" acerca de determinado assunto. Mas admito que até para mim enquanto nutricionista, fico assoberbada com tantas novas correntes e modas. Acredito que não se deve incentivar comportamentos dicotómicos: bom/ mau, comida do bem/ do mal ou chamar "veneno" e "porcaria" a alimentos. O controlo excessivo e uma visão fundamentalista da alimentação têm como consequência uma má relação com a comida e potenciam descompensações, associadas a uma mentalidade de "tudo ou nada": "Já que comi 5 amêndoas de chocolate, mais vale comer uma caixa de bombons e 3 ovos da Páscoa porque estraguei tudo".

Ainda assim, adoptar uma postura totalmente oposta também não acredito que seja a solução. Se precisamos de perder peso por questões de saúde ou se estamos numa fase em que recorremos à comida como uma compensação emocional, a falta de controlo e incentivos de "ouvir o nosso corpo e dar-lhe o que pede" podem não ser a melhor estratégia. Este tipo de comportamento não só compromete resultados como cria muita confusão a nível da gestão alimentar: "mas afinal devo ter cuidado e gerir as excepções que faço ao longo da semana ou dou ao meu corpo aquilo que ele pede?". 

O que quero dizer com tudo isto? Vem aí a Páscoa e há alguns pontos essenciais a reter:
- não é por comermos 1 ovo de chocolate que deitamos tudo a perder 
- não há necessidade de "compensar" esta ingestão excepcional
- o que importa no final de contas é o que fazemos na maior parte do tempo, a excepção não faz a regra!
- comer é um acto de prazer e faz todo o sentido comer aquilo que gostamos nos momentos em família
- o principal foco destes momentos de socialização não deve ser a comida (a sua ingestão ou restrição) mas sim a convivência 
- o perdido por 100 perdido por 1000 não tem lógica nenhuma e é essencial aprender a gerir este tipo de "mindset" - algo que se faz nas consultas de nutrição!
- receitas mais saudáveis de algumas sobremesas podem ser estratégias interessantes mas caso estejamos com um desejo incontrolável de comer alguma sobremesa mais calórica, mais vale fazê-lo, saborear bem e seguir em frente

Um dia não são dias, uma refeição mais calórica/ menos nutritiva não faz de nós pessoas menos saudáveis mas aprender a gerir essa ingestão é fundamental. É tudo uma questão de equilíbrio e é nesse sentido que temos de caminhar - o do bom senso. 
Professional Blog Designs by pipdig