Só devo comer alimentos "do bem"?


Neste dia mundial das redes sociais queria falar-vos um pouco sobre um estilo-de-vida saudável, algo cada vez mais cultivado hoje em dia. Vemos muitas vezes expressões como “comida do bem”, “comer limpo”, algo que por muito inocente que pareça implica sempre que haja o oposto (alimentos “do mal”/“comer sujo”). É engraçado que já pude verificar múltiplas vezes que até mesmo as crianças classificam os alimentos de forma dicotómica (pizzas, fritos e guloseimas = maus, vegetais e frutas = bons).

Também ouvimos muitas vezes a expressão “ninguém vai ser saudável por comer uma salada”, no entanto parece mais difícil interiorizar que também “ninguém vai ser menos saudável por comer uma pizza”. E por isso a questão aqui é muito simples: poderá  um estilo-de-vida saudável ser levado ao extremo?
A resposta é SIM. Apesar de ser relativamente recente e não estar incluída no manual de diagnóstico de doenças mentais (DSM-V), a ortorexia é um distúrbio alimentar que se prende precisamente pela obsessão por uma alimentação saudável (sendo  essa classificação variável para cada indivíduo). Associações de valores aos alimentos, exclusão e “demonização” de determinados grupos alimentares, mentalidade rígida e inflexível (muitas vezes baseada em crenças sem base científica), são algumas das características que têm como consequência uma perturbação do comportamento alimentar, com implicações graves na vida social e podendo reflectir-se em défices nutricionais severos.

Como é óbvio, incentivar uma vida saudável é algo positivo, aliás esse é um dos grandes objectivos desta página. No entanto é muito importante reforçar que não há nada de saudável numa mentalidade extremista, não há nada de saudável em sermos reféns de um padrão alimentar. De nada nos vale uma alimentação imaculada à conta de um distúrbio do comportamento alimentar.
Esta publicação tem como objectivo alertar e reforçar que caso necessitem de apoio procurem sempre ajuda profissional. Quando falamos em questões do comportamento alimentar uma abordagem multidisciplinar, que tenha por base acompanhamento psicológico, será sempre a mais adequada.
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